Descartes obteve conhecimento do Cogito através da Razão, totalmente a priori.
O sujeito racional conhece-se a si mesmo através da sua Razão, de forma direta, intuitiva, sem o auxílio da experiência sensorial. Porque o cogito é um conhecimento inferencial que resulta do conhecimento que o sujeito racional tem da atividade da sua Razão.
É que o pensamento tem este poder de se virar para si próprio e de se tomar a si mesmo como objecto de conhecimento (chama-se reflexão a esta capacidade). E este conhecimento não pode ser posto em causa - não podemos pô-lo em dúvida - mesmo ao duvidar não podemos duvidar de que pensamos.
Podemos duvidar de que temos um corpo, porque quando nos colocamos o desafio do cérebro dentro de um aquário (ou dentro de uma cuba) temos dificuldade em provar que não estamos nessa situação, mas não podemos duvidar de que duvidamos quando estamos a duvidar. Por exemplo, podemos pensar que nos estamos a coçar sem que o estejamos a fazer, mas não podemos pensar que estamos a pensar sem, de facto, estarmos a pensar.
Daqui se depreende que o conhecimento empírico é contingente (a sua verdade não implica a impossibilidade de ser falso), enquanto que o conhecimento racional é necessário (a sua verdade implica a impossibilidade de ser falso).
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