Este é um filme, no mínimo, estranho.
É uma das preciosidades que nos foram proporcionadas pelo Fantasporto, pois esse filme entrou no nosso mercado cinematográfico por causa da sensação que causou no festival do nosso contentamento.
Se não fosse isso, talvez pudéssemos apreciá-lo, a horas tardias, numa qualquer emissão televisiva para encher a programação.
Também é verdade que o género não é de fácil aceitação por grandes camadas do público: é uma comédia que pertence ao género fantástico, sem os efeitos especiais que arrebatam as multidões. Os meios usados pelo realizador são muito imaginativos (a maior parte das cenas foram filmadas em estúdio, recorrendo a um cenário que mais parece uma produção teatral), o que torna o filme ainda mais surpreendente. Por exemplo, a forma como o nada nos é apresentado é, no mínimo, original e, ao mesmo tempo, muito concreta (de facto imaginar o nada é uma tarefa praticamente impossível).
Mas o que é marcante no filme é a sua história. E trata-se duma história bem contada. Ela assenta na seguinte hipótese (absurda, pelo meno menos em princípio): e se pudéssemos fazer desaparecer aquilo de que não gostarmos? Como ficaria, então, o nosso mundo?
Se gostarmos de tudo o que existe, esse poder de reduzir ao nada aquilo de que não gostássemos não traria qualquer mudanaça significativa ao nosso mundo. É claro que a maioria das pessoas considerará que é impossível gostar de tudo. Por isso talvez seja com alívio que reconhecemos, sem termos que nos esforçar muito, que não possuímos esse poder nadificante.
Pois uma coisa é não gostarmos deste ou daquele elemento da realidade, outra muito diferente é podermos fazê-lo desaparecer.
Título: Nothing.
Realizador: Vincenzo Natali.
Ano: 2003.
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